sábado, maio 4, 2024
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Os dois grandes escândalos que abalaram o governo de Gustavo Petro na Colômbia, em seu primeiro ano

por tiagotortella
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Os recentes escândalos envolvendo o presidente colombiano Gustavo Petro têm abalado a sua legitimidade nas decisões à frente do executivo do país, pois além dos contratempos do governo em negociações com outros movimentos políticos, duas situações — uma envolvendo seus funcionários e outra seu filho — afetaram sua imagem entre a opinião pública.

Essa é observação da analista de risco para Colômbia, Laura Lizarazo, da Control Risks, em entrevista à CNN Español.

“Os escândalos, assim como a adoção de um tom mais severo após o término prematuro da coalizão de governo, o desgastaram neste primeiro ano à frente da presidência”, aponta Lizarazo, ao acrescentar que o presidente está recorrendo com mais frequência e de forma muito mais aberta a um tom muito mais dogmático, a uma retórica muito mais conflituosa.

“E isso, além dos escândalos de corrupção que cercam seus últimos meses no cargo, tem implicado uma deterioração muito importante nos níveis de favorabilidade pelos cidadãos, nos níveis de credibilidade, no capital político e, claro, como consequência, em sua governabilidade”, reforçou.

Depois dos escândalos virem à tona, o presidente disse que respeita as decisões da justiça e, no caso da investigação de seu filho — Nicolás Petro — por suposta lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, disse que não irá interferir nas investigações.

Nesse um ano de governo, Petro passou de presidente das reformas, com uma coligação de partidos que prometiam governabilidade, para um presidente combativo que luta no Congresso após sucessivos retrocessos de suas reformas, o que o obrigou a substituir mais de 50% de seu gabinete ministerial em menos de um ano.

A captura de seu filho Nicolás Petro por suposto enriquecimento ilícito

O presidente Gustavo Petro anunciou em 29 de julho a captura de seu filho mais velho, Nicolás Petro Burgos, pelos supostos crimes de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito: “Não vou intervir ou pressionar suas decisões; deixe a lei guiar livremente o processo”.

As palavras do presidente, que desejou “boa sorte e força” ao filho, surgiram pouco depois de o Ministério Público prender Petro Burgos e sua ex-mulher Day Vásquez em Barranquilla, investigados por lavagem de dinheiro e violação de dados pessoais, em uma investigação que começou em março, quando Petro Burgos foi acusado de receber dinheiro de narcotraficantes em troca de incluí-los nos esforços de seu pai de negociar a paz com organizações criminosas na região do Caribe.

Nesse mesmo mês, Petro pediu ao procurador-geral da Colômbia que investigasse a denúncia de corrupção de Vásquez, que mencionou seu irmão Fernando Petro Urrego e seu filho mais velho, Nicolás Petro Burgos, em entrevista à revista Semana.

Vásquez disse à revista que Petro Burgos recebeu grandes somas de dinheiro de ex-traficantes de drogas, políticos e outros indivíduos investigados e condenados por corrupção. Vásquez também revelou que já havia falado sobre isso ao presidente e que Gustavo Petro “não fazia ideia” dos fatos alegados, mas que estava muito desapontado com a suposta conduta de seu filho e de seu irmão.

O filho do presidente disse antes de ser preso que as acusações contra ele são ataques políticos. Mas nesta terça-feira (8), durante audiência, disse que vai colaborar com a justiça e apontar os outros envolvidos nos crimes.

“Decidimos iniciar um processo de colaboração onde irei referir novos fatos e situações que ajudarão a justiça. Faço isso pela minha família e pelo meu bebê que está a caminho”, disse Petro Burgos.

A defesa de Petro Burgos disse que eles vão ajudar “no esclarecimento de fatos novos e no envolvimento de outros assuntos que não são do conhecimento do Ministério Público” para auxiliar “a administração da justiça”.

Na sexta-feira (14), após uma longa audiência, um juiz determinou que Petro Burgos responderá  por lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, mas em liberdade. Sua ex-esposa Day Vásquez também recebeu o benefício, conhecido formalmente como “medida não privativa de liberdade”. No entanto, os dois devem cumprir uma série de condições, inclusive a de não deixar o país.

Embora as acusações contra o filho de Petro não afetem judicialmente o presidente, isso será um golpe em sua legitimidade, segundo analistas.

“Esta é uma acusação de profundidade para Gustavo Petro”, disse o advogado criminal Fabio Humar à CNN. “A trajetória do presidente Gustavo Petro está profundamente emaranhada. Já há quem diga que, por exemplo, o presidente não vai conseguir entregar uma lista de candidatos a procurador-geral da República porque o filho está envolvido nessas questões e isso deve acontecer nos próximos meses.”

Tiros, brigas e dois funcionários envolvidos em um escândalo de corrupção

O governo do Petro enfrentou em junho deste ano acusações de escutas telefônicas ilegais de dois funcionários em um caso que inclui o suposto roubo de uma pasta com US$ 7.000, ameaças do embaixador da Colômbia na Venezuela, Armando Bennedetti, de fazer um grande escândalo com informações sobre o governo, e até mesmo uma tentativa de extorsão por parte do funcionário.

O caso:

Marelbys Meza, ex-funcionária de Laura Sarabia, ex-chefe de gabinete do Petro, garantiu em entrevista à revista Semana que foi vítima de irregularidades após o suposto furto de US$ 7 mil de uma pasta que estava no apartamento de Sarabia. Esse evento teria ocorrido em 29 de janeiro.

Segundo a versão de Meza, no dia seguinte ela foi levada a um prédio em frente à Casa de Nariño, sede do governo, onde foi interrogada sobre os acontecimentos e também submetida a um teste de polígrafo (detector de mentiras), aparentemente pelo pessoal da segurança presidencial.

“Perguntaram-me sobre a mala, se eu tinha levado o dinheiro. E se eu tivesse cúmplices, se eu tivesse dado isso para outra pessoa, onde eu tivesse levado, a que horas eu saí?

Meza garantiu que “não sabia o que continha aquela mala”.

O jornalista colombiano Daniel Coronell disse na época à estação local W Radio que fontes próximas a Sarabia lhe disseram que o então embaixador na Venezuela, Armando Benedetti, estaria por trás de todo esse escândalo, e que ele também havia contratado no passado como funcionário casa de Marelbys Meza e é por isso que ele a conheceu. Benedetti negou ser responsável pelo ocorrido.

Benedetti acusou Sarabia de manipulação de informações, abuso de poder, sequestro e intimidação pelos eventos relatados por Marelbys Meza, além de ter 150 milhões de pesos (cerca de US$ 38.000 no câmbio atual) e que Sarabia ligou para ele para pedir ajuda.

Sarabia disse na época que ela e sua família foram vítimas de um assalto.

A Promotoria anunciou uma investigação sobre esses fatos, enquanto Sarabia disse que tanto a sede da proteção presidencial quanto a Sijin (polícia judiciária da Colômbia) “agiram aplicando os protocolos no âmbito da lei” e que o roubo foi de apenas US$ 7.000, “correspondente a pagamentos de despesas de viagens oficiais realizadas durante agosto de 2022 e janeiro de 2023 que eram paga com essa moeda estrangeira.”

No início do Petro anunciou que Sarabia e Bennedetti deixariam seus cargos. No entanto, Benedetti ocupou o cargo de embaixador da Colômbia na Venezuela até 23 de julho.

Interceptações ilegais

Em meio a esse escândalo, a Semana publicou uma série de áudios atribuídos a Benedetti nos quais ele ameaça revelar detalhes do financiamento da campanha política que levou o presidente ao poder.

Após saber dos áudios dos explosivos, Benedetti se pronunciou sobre o escândalo em sua conta no Twitter e disse que os áudios haviam sido manipulados – sem explicar a que se referia – e pediu desculpas a Petro, mas um dia depois confirmou várias declarações que estão no áudios e confirmou suas conversas com Sarabia.

O então embaixador disse que há uma campanha que tenta desacreditá-lo, com o objetivo de desqualificá-lo sobre o que pode dizer no futuro. Mas depois disse que “se deixou levar pela raiva e pela bebida”, e foi um momento de fraqueza quando ameaçou revelar informações sobre o governo do presidente Gustavo Petro.

Em resposta a este episódio do escândalo, Petro afirmou em sua conta no Twitter que seu governo não ordenou a interceptação de telefones ou buscas ilegais.

Benedetti solicitou em junho, por meio de sua conta no Twitter, que o Ministério Público “tomasse medidas urgentes” para protegê-lo e a sua família após receber supostas ameaças.

“Tenho evidências físicas de ameaças que recebemos direta e indiretamente de pessoas muito poderosas”, disse o ex-funcionário, sem entrar em detalhes.

A morte do tenente-coronel Óscar Dávila

O caso teve uma reviravolta dramática com a morte do tenente-coronel Óscar Dávila, um dos encarregados da segurança presidencial, aumentando o escândalo das supostas interceptações de ligações telefônicas. Dávila foi encontrado morto em 9 de junho e o presidente Petro anunciou que ele havia tirado a própria vida.

O tenente-coronel foi implicado no escândalo das supostas interceptações ilegais da ex-babá de Sarabia.

Em 21 de junho, o Ministério Público informou que o Coronel Óscar Dávila cometeu suicídio, segundo o resultado da autópsia.

“Do ponto de vista médico-legal, concluímos que se trata de suicídio”, disse Jorge Eduardo Paredes, médico legista do Instituto Nacional de Medicina Legal.

Atualmente, o Ministério Público investiga a morte de Dávila, devido ao extravio de dinheiro na residência de Sarabia. O Ministério Público também investiga o uso irregular do polígrafo a serviço da Presidência da República e a possível prática de crimes de abuso de autoridade, entre outros. E investiga os possíveis crimes de fraude processual, falsidade em documentos públicos e violação ilegal de comunicações pela interceptação ilegal de comunicações à babá Marelbys Meza.

Por fim, o Ministério Público anunciou em 25 de julho que havia encaminhado ao Supremo Tribunal de Justiça quatro diferentes processos do ex-embaixador Bennedetti, entre eles, por financiamento de campanhas eleitorais com fontes proibidas por conta dos áudios vazados no caso Sarabia.

Por sua vez, Laura Sarabia publicou uma declaração através de sua conta oficial no Twitter assinada por seu advogado Jorge Mario Gómez Restrepo. O documento explica que Sarabia responderá a qualquer tipo de investigação por parte da justiça e entidades de controle colombianas. Da mesma forma, a advogada reitera a inocência de Sarabia, e afirma que durante seu mandato como chefe de governo ela não “cedeu a chantagens e ameaças que visavam interesses pessoais”.

*publicado por Mateus Cerqueira, da CNN

*com informações de Fernando Ramos, Valentina González e Melissa Velásquez Loaiza, da CNN

Este conteúdo foi criado originalmente em espanhol.

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