Durante o mês de março é discutido o uso consciente da carne, esse período faz parte de uma ação para incentivar as pessoas a consumirem menos esse tipo de proteína, que começou como um movimento de uma ONG nos Estados Unidos, mas que obteve a adesão de milhões de pessoas ao redor do mundo. Deixar de comer o alimento tem sido uma opção voluntária para um número crescente de pessoas no Brasil.
Segundo uma pesquisa da Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), em parceria com a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), cerca de 46% dos brasileiros, considerando todas as regiões do país e faixas etárias, deixam de comer carne pelo menos uma vez por semana, por vontade própria.
Além disso, um terço dos brasileiros buscam opções veganas nos cardápios, de acordo com a mesma pesquisa. Na ocasião, 30 milhões de brasileiros se declararam veganos, isto é, adeptos da dieta e do uso em geral de produtos isentos de componentes de origem animal, o que corresponde a quase 14% da população total do país.
A mudança de hábitos para uma dieta vegana ou vegetariana não oferece risco à saúde. Ela alerta, porém, para a necessidade de acompanhamento de um profissional da nutrição habilitado. Se não estiver com uma dieta balanceada em proteínas, zinco, ferro e vitamina B12, principalmente, pode acarretar um quadro de anemia e baixa proteína, deixando o sistema imunológico também mais frágil.
É importante se atentar a esses aspectos, principalmente para a vitamina B12. Ela relata que a B12 está presente nos alimentos de origem animal, podendo causar anemia e oferecer riscos à saúde quando estão pouco disponíveis no organismo. Neste caso específico, é preciso fazer suplementação por cápsulas, principalmente para as crianças ou mulheres grávidas, cuja necessidade de B12 é ainda maior do que na população geral.
Para a suplementação do organismo, na falta da carne, podem ser utilizados outros alimentos. Temos alimentos ricos em proteína de origem vegetal, como castanhas, semente de abóbora, girassol, linhaça, quinoa, amaranto, cogumelos, algas e leguminosas, como o feijão. Além dos vegetais que auxiliam na reposição de vitaminas e minerais, como os vegetais verdes escuros e sua associação com frutas ricas em vitamina C, para auxiliar na melhor absorção do ferro.
Os benefícios de não consumir carne, mas que deve ter os seus cuidados. Algumas pessoas que têm gastrite, úlcera, problemas digestivos, doenças intestinais, colesterol alto, doenças cardiovasculares, se beneficiam em cortar a carne, entretanto, não devemos generalizar já que o indivíduo é um ser único. O ideal é nunca abusar de algum tipo de alimento, então variar com outras fontes de proteína é o mais indicado.
Sobre os cuidados para quem deseja começar uma dieta vegetariana ou vegana. Se programe para consumir mais leguminosas, verduras, castanhas e sementes em uma rotina. Inicie o uso também de cogumelos. E não deixe de procurar um profissional nutricionista para acompanhar esse planejamento e realizar exames bioquímicos para avaliar se está tudo bem.
Mariana Guedes é nutricionista e professora de nutrição da Estácio.
